TEAM MARIA
Do It Everywhere CD
2012 Vachier & Associados
Há uns anos, não me lembro para quê nem em que circunstância, escrevi o seguinte sobre os leirienses Team Maria: “Não andaríamos muito longe se definíssemos os Team Maria como uma espécie de cruzamento de IAMX (atente-se às semelhanças vocais) e a sonoridade retro nacional-modernista que revestia a obra de António Variações. Mas essa definição pecaria, naturalmente, por defeito, até porque os Team Maria deambulam num intervalo muitíssimo mais vasto do que o permitido entre os dois nomes supra-citados”.
Passado o tempo de espera até à edição de “Do It Everywhere”, o disco que acaba, finalmente, de chegar ao mercado, pouco mais tenho a acrescentar em relação à sua música. Os Team Maria fazem o que fazem por opção, e o que fazem, fazem indiscutivelmente bem. Aliás, o colectivo é formado por alguns dos melhores e mais profícuos músicos da cena leiriense. Nuno Rancho (aqui, voz e letras) tem uma assinalável obra a solo e deposita os seus préstimos em projectos das mais variadas filiações estéticas. Luis Jerónimo (irmão de Nuno Rancho e aqui voz e baixo) é uma das figuras centrais dos Nice Weather For Ducks, e André Pereira prova aqui que possui uma enorme capacidade de composição, ao espalhar o seu talento pelos inúmeros micro-climas musicais da sua guitarra e programação electrónica.
“Do it Everywhere” é um disco pontificado por 12 temas de toada electro-pop com acentuado pendor orgânico. Co-produzido, mixado e masterizado eficientemente por Nuno Simões (outro nome de “peso” da nossa praça, e que também contribuiu com alguma programação e linhas de baixo adicionais), este disco, que também teve a participação de Tiago Domingues (dos Texas Killer Bee Queen, que aqui e ali tocou bateria) tem carimbo veraneante e deve-se consumir entretanto, agora que o calor vigora, e antes que perca a validade da sua eventual sazonalidade.
Os temas são todos doces, orelhudos, radio-friendly, 70% de toada dançável, e devem “pegar” (se tal não acontecer algo de muito errado se passa no “mercado” português) à proporção com que forem passando na rádio ou à velocidade com que se disseminarem nos youtubes e afins. Aqui não há canções mal feitas (este é, paradoxalmente, o maior defeito dos irmãos Jerónimo, irra!) e os Team Maria são “apenas” mais um dos muitos projectos sedeados ali para os lados da Bajouca e encabeçados por Nuno Rancho, que aos anos tem vindo a contribuir para que na região de Leiria continue a brotar música viva, fresca, dinâmica, descomplexada e, neste caso, festiva e colorida.
E pronto, já que isto é uma opinião personalizada (com o teor sempre subjectivo que possa acarretar) devo dizer-vos também que estes Team Maria me caíram no goto porque as suas guitarras me soam a uma das minhas bandas fetiche e das quais faço colecção. Refiro-me aos norte-americanos Sparks e à obra registada no periodo das décadas de 80 e 90 do século passado. Ouçam-se os Team Maria, por exemplo, em “Priorities Changing” e perceba-se o que aqui afloro… E agora, vou ouvir o disco outra vez, antes que se derreta como um gelado de nata, chocolate, baunilha e… hum… pode ser caramelo!
CM
*Carlos Matos escreve segundo as regras anteriores ao (des)acordo ortográfico
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